quinta-feira, 15 de novembro de 2007

MUTAÇÃO

Mutação

Neste dia que passou
Quanta coisa eu esqueci.
Nada sei, pouco restou,
E sem ter-me agora sou
Tudo aquilo que perdi.

Nada importa, já nem sei,
O que fui e o que mudou
Pois sem ser não saberei
Quanto eu era e o que serei
Deste eu que lá ficou.

E tudo rima sem saber
Quanto dói o ser assim...
E que faz na métrica haver
Tanta dor em escrever
Este verso que há em mim.

Marcus Di Philippi

O BOM APRENDIZ

O Bom Aprendiz

Olha! Se um dia á beira do caminho,
A tristeza encontrares onde segues...
E se tudo te ferir como um espinho
Rogo-te que voltes a seguir sozinho,
E como começou, não a carregues.

E se ainda nos desvios da jornada,
O sentido e o princípio esqueceres...
Lembra-te somente desta estrada
Pois ela é tua, e só fora encomendada,
Na iminência de um dia te perderes.

Cuidas então que ela será teu guia,
Abrace-a com a doçura de teus pés...
Se ouvires o que ela diz com alegria
Haverás de perceber, então, um dia,
Foi ela quem formou o que tu és.

Marcus Di Philippi

ORVALHO

Orvalho

Era uma noite sem véu
Era um céu sem estrelas,
Você tirou meu chapéu,
E pondo estrelas no céu,
Pediu-me pra acendê-las.

Era uma tarde tão fria
Era um sol apagado...
Tristezas e nostalgia
Histórias de fim de dia
E teu chapéu estrelado.

Era um vento zunindo
Nos teus cabelos de lã...
Era o sol se repetindo,
No orvalho doce caindo
As lágrimas da manhã.

Marcus Di Philippi

...NOITE IDA

...noite ida

Esta noite deixou-me
Só um sonho, apenas,
Um sonho sem nome
E de coisas pequenas

Entretanto ele tinha
Um segredo a mais
E a noite sozinha
Sonhou-nos iguais.

E se tudo não fosse
Esse sonho nem sei
A noite só o trouxe
Porque eu acordei.

Marcus Di Philippi

A BUSCA

A Busca

Ouço!... E no sentido
Daquilo que eu sou
Há um algo perdido,
Como som esquecido,
Que ninguém cantou.

E porque se perdeu
Este canto que ouvi?
Se ele sempre foi eu
E ninguém esqueceu
Como foi que perdi?

E se o soube jamais
Como posso lembrar...
Um navio sem cais,
De ouvir-me demais,
Não me pude cantar

Marcus Di Philippi

EXISTENCIALISMO BANAL

Existencialismo Banal

Algo em mim dói, apenas dói
Não sei o quê apenas sinto
Tão infinito, flui, corrói
e lentamente mata, destroi
A sentinela em meu instinto.

É algo que dói assim somente
Não por doer ou existir...
Mas toda dor é ser ausente
Estar em todo o não presente
Jamais ficar, nunca partir.

Algo me dói, ai como cansa
A repetição desse doer...
E nenhum tino de eesperança
FAz essa dor tornar-se mansa
Para quem sabe me esquecer.

Marcus Di Philippi

NATHALIA

Nathalia

Faz um verso colorido,
Pra dizer o que tu és...
- Vou dizer no teu ouvido
num batuque, num batido
Uma dança nos teus pés.

Faz um verso assanhado,
Pra que eu saiba de você...
- Mas é verso ou é pecado,
O batuque batucado,
Que de mim queres saber?

Faz um verso comovente
E pra mim diga depois...
- O amor a gente sente,
tanto faz não ser a gente
Mas que seja só nos dois

Marcus Di Philippi